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Lovelistlia

Lovelistlia

(ela)

atualizou uma leitura

há 7 dias na estante — 𝐴𝐵𝑂 ‧ ˚. ♡

Lobo Rei
11%
Por que o poupou? Por que o trouxe até nós? Percebo que talvez essa seja a resposta para as preces que fiz o dia todo. O estrangeiro sobreviveu. A Deusa o protege. Preciso salvá- lo. Preciso cuidar das suas feridas. Sinto que devo. Sinto que preciso. Se ele quiser me fazer mal ou fazer mal às minhas Irmãs ou minhas Mães, a Deusa nos protegerá. Somos suas escolhidas. Ela sempre nos protegeu. Ele é apenas um homem. Ela expulsou muitos outros para nos proteger. Quem ameaçou sua vida?, me pergunto. Por que alguém tentaria mata- lo? Ele fez algo para merecê- lo? Fez algo proibido ao seu próprio povo? Algo imperdoável? Sei que o povo do continente têm leis que se forem quebradas podem ser castigadas com a morte, o Sr. Tastaren me contou. Aqui também temos isso, mas acho que nunca foram colocadas em prática. Nos livros antigos não há registros de que alguma Serva da Deusa tenha sido punida com a morte. A querida cuidando dele direitinho 🥺 E foi chamada pro ritual de fertilidade... Cantamos para que a Deusa abençoe os nossos corpos que abrigam a vida. Cantamos para que ela afaste o mal. Para que nos conceda Filhas e Graça. Há muito tempo não há Filhas, penso, e sinto o estômago apertar com preocupação. Não somos dignas?, me questiono. Ninguém é mais digna do que Arina. Ela conseguirá. A Deusa será misericordiosa. — O mar o trouxe até aqui— Me aproximo devagar e lhe ofereço a tigela com água.— Há muitos dias. Seis... Seis dias. O estrangeiro rosna outra coisa. Ela também não entende o que eu digo. Ótimo... Pelo menos aceita quando lhe ofereço a tigela... Então a arremessa com força contra a parede mais próxima e grita outra frase, enfurecido. Querido??? Te acalme kkkk, eu hein. Depois que o fogo aumenta e a sala de pedra é preenchida com calor e o som da madeira estalando, me afasto de novo. O homem acompanha cada um dos meus movimentos como se eu fosse pular em cima dele a qualquer instante. Por duas vezes tenho a impressão de que ele levanta o nariz e fareja o ar como um coelho ou um gato selvagem. Me encho de coragem e me aproximo. Ele não faz nenhum movimento. Está cansado demais. Talvez também curioso sobre quem sou e o que pretendo. — Preciso limpar suas feridas— digo, pois mesmo que ele não me entenda, me sinto melhor dizendo em voz alta o que estou fazendo.— Você jogou fora toda a água doce, então terei que limpar com água do mar e cobrir com esta planta— Tiro os raminhos de camomila do bolso e lhe mostro.— Para que melhore. O estrangeiro faz um movimento para tirar as ervas da minha mão, mas empurro o seu braço. — Não— digo.— Preciso fazer isso antes que seus ferimentos piorem de novo. Ele tenta ficar de pé. Perde o equilíbrio e preciso segurá- lo. — Fique aqui— peço, e puxo o seu rosto pelo queixo para que me olhe. Não vou levar a sua reação desconfiada e enfurecida para o lado pessoal. Não vou ficar brava com a sua ingratidão. O estrangeiro não entende que o salvei. Para ele só existe aquele momento quando tentaram matá- lo e este, onde está num lugar estranho, com uma mulher pequena e estranha que lhe fala em outra língua, e ele não tem forças o bastante para agir por si mesmo. Vou tentar me concentrar nisso, não na minha vontade de esbofeteá- lo. A Deusa não me aprovaria.
curiosapensativa