“Roda Viva” é mais uma trágica lembrança de como nós, como sociedade brasileira, não evoluímos.
Assim como dito, por Zé Celso, sobre o texto de “O Rei da Vela”, escrito em 1938, chegamos a “Roda Viva” escrita em 1968 com um texto que traz a “estagnação da realidade nacional”.
Vemos Benedito, um artista, que precisa ser moldado para agradar à plateia, o público. Sendo criado e gerado pelo Anjo Negro e tendo sua fama divulgada pelo Capeta, tudo com grande influência da televisão e do ibope, personagens que foram trazidos na recente montagem de Zé (2019) como televisão e a internet. Suas decisões passam por cima de moral, valores, até mesmo por cima da família de Benedito, vide sua esposa que é jogada de escanteio em todas as decisões. Benedito é o ídolo pop vazio, que serve para vender a imagem do que é belo, perfeito, do que o público quer que exista. Uma mentira criada para atrair e aumentar números e nosso bem estar.
Roda Viva é um tapa crítico-social escrito por Chico Buarque, que não tinha como prever o peso que ganharia ao ser montada duas vezes por Zé Celso. Uma obra gigante que surge na ditadura e que mostra como ainda somos lentos como sociedade e como, tristemente, evoluímos tão pouco.